ENTRECORPOS - ESTUDO PARA DANÇA, MÚSICA E VÍDEO, CIRCULAÇÃO BAHIA



Imagens de Entrecorpos, apresentado no Solar Boa Vista, em julho 2010. Realização do Coletivo Ósseo, Salvador/BA, contemplado pelo Edital Ninho Reis 2008/Funceb.

ENTRECORPOS - ALGUMAS FOTOS


ENTRECORPOS: ESTUDO PARA DANÇA, MÚSICA E VÍDEO



ENTRECORPOS: ESTUDO PARA CASA, APARTAMENTO E TELHADO


ENTRECORPOS LOOP 1



Vídeo de autoria de Drica Rocha, produzido em parceria de Sandra Corradini e Mateus Dantas, para projeção durante a ação artística Entrecorpos.

Referência artística: Eye of Death, Escher.

ENTRECORPOS LOOP 2



Vídeo de Drica Rocha, produzido em parceira com Sandra Corradini (dança) e Eline Gomes (assistente de produção), para ser projetado durante Entrecorpos, do Coletivo Ósseo, Salvador/BA.

Referencial artístico: Cafe Muller, Pina Bausch.

ENTRECORPOS LOOP 3



Vídeo de Drica Rocha, produzido em parceria de Sandra Corradini e Mateus Dantas, para ser projetado durante a ação artística Entrecorpos, do Coletivo Ósseo, Salvador/BA.

ENTRECORPOS LOOP 4



Vídeo de autoria de Drica Rocha, produzido em parceria de Sandra Corradini e Mateus Dantas, para ser projetado durante a realização da ação artística Entrecorpos.

ENTRECORPOS LOOP 5



Vídeo produzido durante a realização do Projeto em Paulo Afonso, concebido e editado por Paula Carneiro, com imagens captadas por Paula Carneiro e Drica Rocha no parque de diversões instalado ao lado do Espaço Cultural Lindinalva Cabral, local da realização das atividades do projeto na cidade.

ENTRECORPOS EM SALVADOR: OFICINAS DE DANÇA E MÚSICA "ESTRATÉGIAS DE IMPROVISAÇÃO"



















A oficina foi mais um ponto de partida e mais uma experiência inesquecível em minha vida pessoal e acadêmica. Pessoal, porque trabalha os sentidos, e acadêmica, porque me permite aperçoar movimentos, performance e identidade. No entanto, o projeto da oficina de dança/música me fez ver a total relação do ambiente com o corpo e com a música, o que somos capazes de produzir com nosso próprio corpo e as nossas perspectivas. A idéia da criação de células nos faz reviver e experimentar novas ações, novas idéias, de como interagir no espaço/tempo e nesse mesmo sentido de espaço/tempo a correlação com o público de maneira performativa.

Palavras-chave: corpo, liberdade, tempo, movimento, descoberta, investigação.

(Daidimares Souza Silva)



















Para mim, foi uma experiência nova e desfiadora porque eu tinha feito minha inscrição para a oficina de música, que é algo que me identifico e no primeiro dia, devido a pouca quantidade de pessoas para participarem das oficinas de música e dança, fiquei sabendo que as duas oficinas seriam realizadas juntas. Daí fiquei desconfortável, pois não me identifico com a dança. Porém, a forma como foi executada, a oficina acabou me deixando à vontade de tal forma que agora, depois da realização da jam, estou me sentindo satisfeita com o meu trabalho e gratificada por ter participado dessa oficina com pessoas responsáveis, que levaram o trabalho a sério e com dedicação.

Palavras-chave: desafio, prazer, energia, medo, timidez, entusiasmo.

(Juliana Santana Pereira)


















A oficina me permitiu ir além dos meus medos, bloqueios. Mas o mais incrível foram as descobertas ao ter aberto as portas que estão dentro de mim. Afinal, elas só esperam as chaves, como foi essa oficina, para se abrir.
Gostei muito da energia do grupo. O único ponto fraco seria o tempo. Muito pouco tempo para aproveitar mais do grupo e das nossas interações para criar.
Obrigada por essa bela oficina, tal qual as imagens dos professores para mim. Parabéns para os seus trabalhos e muitos movimentos e encontros para o futuro.


Palavras-chave: descoberta, encontro, corpo, movimento, poesia.

(Sandra Nogueira)














A experiência foi muito gratificante para mim, pois mesmo já possuindo um certo conhecimento sobre expressão corporal, improvisação e música, eu pude aprender muitas coisas novas. Principalmente em relação à interação entre as artes e a interação com os objetos do cotidiano. Pude perceber o quanto se pode explorar sobre o assunto tendo pouco tempo de trabalho.
Pessoalmente passei por uma grande superação, pois tenho uma grande dificuldade em confiar no meu desempenho e mesmo não sabendo se o resultado foi bom, consegui superar isso na jam.


Palavras-chave: sentidos, prazer, descoberta, confiança, coragem.


(Mirela Dornelles Gonzalez Paz)


















Foi uma experiência interessante, nova. Gostei muito da jam. Foi como uma nova aproximação do espaço. O proveito dos objetos cotidianos como instrumentos musicais, a interação e a percepção dos colegas para criar uma intervenção, a trasmissão da energia, experimentar movimentos e sons, trocar experiências... Aprendi muitas coisas novas.


Palavras-chave: descoberta, interação, liberdade, sincronização, energia.

(Deborah Danan)


















Todo o trabalho da oficina foi fantástico. Aquilo que pude absorver dentro das poucas horas que estive em atividade serviram para repensar acerca da minha própria atuação, de forma que as oportunidades foram aproveitadas como um laboratório para investigar minhas novas "antenas" para o mundo e também o contrário.


Palavras-chave: sensibilidade, flexibilidade, permuta, interação, conhecimento.


(Misael de Jesus Carvalho)

ENTRECORPOS NO SOLAR BOA VISTA

FIQUE DE OLHO NA CIRCULAÇÃO
















 




Entrecorpos é uma ação artística que propõe questionar e ao mesmo tempo investigar padrões habituais comportamentais recorrentes na esfera relacional, problematizando-os em espaços não convencionais, propícios para a construção de uma coletividade transitória, convidada a interagir com a dança, música e vídeo de maneira singular. Em cada apresentação, intérpretes e espectadores coatuam compondo um trabalho único, configurado conforme os acordos estabelecidos entre ambos no espaço-tempo da cena. Com a intenção de conectar corpos, estabelecer novas formas de contato e convivência e viabilizar a resignificação dos acontecimentos e do ambiente em que estes corpos coabitam, Entrecorpos propõe reflexão sobre padrões comportamentais habituais, sobre a codeterminação entre obra e espectador e a coevolução entre corpo e ambiente em contextos transitórios.

Entrecorpos estreou no Projeto Teorema, realizado pelo Estúdio Nave, em agosto de 2008, em São Paulo. Desde então, configurado no formato "work in process", o trabalho vem sendo continuamente investigado e reelaborado, sendo apresentado com uma estrutura coreográfica distinta em cada espaço em que é realizado. Entrecorpos procura interagir com as características de cada local, singularizando-se na medida em que novas questões são postas em cena. Estas questões são variáveis e pensadas tendo em vista, sobretudo, efetivar a interação entre a obra e o ambiente em que é executada, considerando-se ainda questões que os próprios artistas pesquisadores desejam investigar. Com uma estrutura bastante flexível, Entrecorpos já foi apresentado na versão solo para dança e duo para dança e música e para esta temporada a proposta é incorporar o vídeo no diálogo entre as linguagens que compõem o trabalho, contando com a participação dos performers Sandra Corradini (dança), Mateus Dantas (música) e Drica Rocha (vídeo).


Entrecorpos é uma das ações propostas pelo projeto Entrecorpos, Ações e Interações, premiado pelo Edital Ninho Reis 2008 - Apoio à Circulação de Espetáculos de Dança, promovido pela Fundação Cultural do estado da Bahia. O projeto tem data de estréia marcada para 07 de julho em Salvador e posteriormente circulará pelas cidades de Paulo Afonso e Heliópolis, propondo ações artísticas que visam abranger um público diversificado, com apresentações de Entrecorpos e oficinas de dança e de música, ministradas pelos artistas pesquisadores do grupo. O projeto ainda conta com a construção contínua de um blog (www.entrecorpos.blogspot.com), no qual estão postados textos e imagens sobre o processo de execução do projeto.

O projeto Entrecorpos, Ações e Interações circulará nas seguintes datas/locais:

Salvador: Cine-Teatro Solar Boa Vista.
Ação Artística: dias 09 e 10 de julho, sexta e sábado, às 20h.
Oficinas (dança e música): dias 07 e 08, quarta e quinta, das 14h às 18h; e dia 10, sábado, das 09h às 13h.
Inscrições e informações: Cine-Teatro Solar Boa Vista. Parque Boa Vista de Brotas, Engenho Velho de Brotas. Tel.: (71) 3116-2000.

Paulo Afonso: Centro de Cultura Lindinalva Cabral.
Ação Artística: dias 16 e 17 de julho, sexta e sábado, às 20h.
Oficinas (dança e música): dias 14, 15 e 17, quarta, quinta e sábado.
Inscrições e informações: Centro de Cultura Lindinalva Cabral. Avenida Apolônio Sales, s/n. Tel.: (75) 3281-3011.

Heliópolis: Colégio Estadual José Dantas de Souza
Ação Artística: dias 22 e 23 de julho, quinta e sexta, às 20h.
Oficinas (dança e música): dias 19, 20 e 21, segunda, terça e quarta, das 17h às 21h.
Inscrições e informações: Centro de Cultura Lindinalva Cabral. Avenida 2 de julho, s/n. Tel.: (75) 3593-2176.

ENTRECORPOS: ENSAIO ENTRE UMA CADEIRA


Pensando sobre o ensaio ...

Na medida que podemos colocar no corpo as idéias do fazer, senti o quanto de possibilidade e também de impossibilidade de movimentos do corpo, captações de imagem, e o quanto essa historia de cadeiras , e o que podemos fazer com elas está bem representada na proposta do Entrecorpos: questionar, seguir, imitar, romper padrões.
Quando formulamos um padrão a ser definido como padrão, não necessariamente esse é um padrão reconhecível, ele só se torna reconhecível na medida da repetição. Por meio da repetição podemos reconhecer tal padrão. Mas esse reconhecimento pode ser difícil de perceber... Fazer ou tornar algum movimento um padrão parece ser uma tarefa simples, mas quando colocamos o corpo na roda, muitas coisas podem ou não podem acontecer. Isso é instigante...
Pensei numa questão em relação a isso, pois quando fazemos algo dito fora do padrão ou que esteja rompendo algum padrão, em algum momento o sistema coopta esse movimento, então esse dito movimento fora do padrão se incorpora ao sistema de uma forma sutil, de modo que todos passam a seguir tal comportamento, movimento ou idéia sem perceber que o sistema cooptou aquela idéia para alimentar o proprio sistema.
Então nos movimentos que fazemos, uma forma padrão é mantida, depois quebrada, esssa quebra se torna padrão novamente, e novamente é quebrada e assim por diante... Os movimentos de repetição, e formulação de padrão em imagens dessa forma em que temos que sofrer adapções do espaço é um desafio, pois a luz definirá muito do que será captado. Para captar público por exemplo, a publico terá q ser iluminado, e se não houver possibilidade de tal luz, outro padrão será realizado... Continuemos hoje no ensaio das 15:30h


(Drica Rocha)

ENTRECADEIRAS: ENSAIO NO CORREDOR

















A todo momento
O corpo se ajusta.
Mil cadeiras imbricadas.
Um respiro aqui, outro ali:
O espaço da instabilidade.
Um som possível...
O apoio, o pé, o monte,
O desastre, o encaixe.
A percepção:
Eutudo.
Segura e testa!
Suspende
O centro.
Desloca
O peso,
A perna.
O foco.
A mão alcança,
A garra agarra,
O bíceps contrai.
A pele, o suor.
O cansaço repousa.
Eu
Lento
Sento
Disforme.
Ego-centro:
Estável-instável.
(Sandra Corradini)


Corpo-Câmera olhar adentro. Como se o corpo estivesse se infiltrando nas cadeiras. Perspectivas do olhar, olhar que penetra, que se funde, que é participante ativo mas sem ser visto, ou quase. A câmera-andante-dançante. O corpo-olhar que está dentro do fazer, suas manobras, seu exercício, aproximando, adentrando e desaproximando do imprevisto visto. Adaptações? Cuidado? Atenção? Olhar sempre presente? Instabilidade do corpo, como pisar, onde pisar. E se o olho fechar?
(Drica Rocha)

ENTRECORPOS: ESTUDO PARA COFFE BREAK, UFES

ENTRECORPOS: O CORPO NA FRONTEIRA ENTRE DANÇA E PERFORMANCE













RESUMO

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo discutir aspectos concernentes à obra Entrecorpos, ação intervencionista que propõe a investigação do corpo na fronteira dança/performance com interesse em questionar padrões de comportamento estáveis, problematizando-os na esfera relacional em espaços coletivos. Seu propósito circunscreve-se à necessidade de refletir a dança na contemporaneidade, em especial, de pensar corpo, espaço e espectador como partes co-dependentes e implicadas na obra de dança. Concebe-se a obra como objeto sensível tanto à presença do espectador, como ao espaço em que é realizada, devendo ser elaborada com enfoque na relação corpo-ambiente construindo-se continuamente, de modo a constituí-la porosa e permeável à fisicalidade do espaço e àqueles que nele circulam.
Uma questão bastante atual, os diálogos entre dança e artes plásticas, muito presentes no campo da dança, instalam-se na chamada fronteira, conhecida zona de conflitos, da qual emergem discussões, idéias e criações, incidindo em novas configurações, delineando novos contornos territoriais à dança. Discutir as relações dança/performance torna-se relevante diante da necessidade de refletir acerca de ações intervencionistas inscritas no campo da dança. Sob o foco do corpo-em-arte, o corpo requer treinamento adequado para ser lançado em experiência de liminaridade, induzindo-lhe fissuras que viabilizem novos agenciamentos, o que vem caracterizar o estado performático do corpo, fazendo da ação um acontecimento.


METODOLOGIA


De caráter interdisciplinar, a metodologia objetiva articular e i
ntegrar saberes e processos investigativos, visando a síntese no âmbito artístico da dança. Elaborada de acordo com o estabelecimento de eixos norteadores da pesquisa, a metodologia parte de uma pesquisa preliminar acerca dos estudos da performance, de Victor Turner e Richard Schechner, e da poética do corpo-em-arte, de Renato Ferracini (Lume Teatro), em busca de viabilizar instrumentalização conceitual para as investigações práticas em campo metodológico, tanto para a construção da obra, como para o treinamento corpóreo do atuador/bailarino. Diante da proposta da obra e de sua condição efêmera articulada à transitoriedade de ambiências, incidindo sobre sua configuração, a metodologia considera as especificidades de cada espaço em que a obra é realizada, enfoca o planejamento e a investigação à priori e in loco e investe na elaboração de matrizes corpóreas, conjunto de células-fonte de ações/movimentos pré-selecionados e codificados, visando a improvisação e a recriação em tempo real. Em contínuo processo investigativo, a obra, ainda em repertório, mantém-se condicionada a uma metodologia que se estende para além dos limites da sala de ensaio, inter-relacionando treinamento técnico-criativo, construção e execução da obra, implicando na necessidade de ser constantemente vivenciada, atualizada e reavaliada em seu plano conceitual e/ou metodológico e, se for o caso, reformulada em vista dos objetivos almejados.


RESULTADOS

Os resultados obtidos até o momento reiteram o caráter investigativo e experiencial da obra, tratando-se de uma ação presencial que se efetiva in loco e nas relações corpo-em-arte/espectador, corpos/ambiente, obra/espectador. Ressalta-se a co-dependência e a implicação entre corpo-em-arte, espaço e espectador, incidindo sobre a corporeidade do atuador/bailarino, sobre a configuração da obra e, sobretudo, na criação de zonas de turbulência, campos de tensão gerados pela energia produzida nas relações entre os elementos estruturais da ação. Observa-se a impossibilidade de reprodução deste momento em sala de ensaio, elevando-se a necessidade da obra estar sendo constantemente vivenciada, favorecendo seu processo de expansão e de detalhamento, bem como o aumento de sua estabilidade estrutural, que se afirma na medida em que é experienciada. Da mesma forma, observam-se os referenciais de pesquisa e os procedimentos metodológicos ganharem maior solidez por serem constantemente testados e validados. Enfatiza-se a importância de um treinamento específico voltado às particularidades da obra, centrado na atuação performativa do corpo, enfocando macro/micro-percepção, sensação e memória corporais, ampliação de vivência e agenciamento de sentidos. O estado liminar permeia o corpo-em-arte, que se move entre polaridades no processo de recriação da ação/movimento. A observação de padrões de comportamento é princípio metodológico, oferecendo elementos para criação.


CONCLUSÃO

A dança, arte do corpo, desde sua origem inscreve-se em cruzamentos híbridos e ao longo de seu processo evolutivo vem apresentando seus limites territoriais delinearem-se com novos contornos e relevos a partir dos diálogos estabelecidos com diferentes linguagens artísticas e campos do conhecimento. Zonas de passagem, de transição, de confluência... O que se observa é a sua complexificação e aumento de sua especificidade decorrente da busca pela sutilização do corpo inerente aos processos que conduzem às suas configurações. Esta pesquisa artística, inscrita no campo da dança, na fronteira dança/performance, focaliza corpo, espaço e espectador para preocupar-se com as inter-relações entre tais elementos e encontra o tempo potencializado no corpo, no movimento, na recriação e no devir, revelado no processo de elaboração da obra, nos procedimentos metodológicos realizados a partir de modos particulares de pensar e de fazer arte, próprios de um corpo que dança. O corpo, treinado para ser lançado em território cênico, na liminaridade dança-performance, um corpo expandido, em estado extra-cotidiano, um corpo-em-arte, deve se mover numa dança macro/micro-perceptiva e com ela restaurar o espaço-físico, atualizando e resignificando seus elementos através da recriação do movimento, e ao mesmo tempo, numa dança-ação extraordinária, irromper o cotidiano, causar estranhamento e deslocar o espectador do lugar de mero observador para participante na construção da obra, tornando-o co-autor.

Palavras-chave: Dança; performance; intervenção urbana.

(Sandra Corradini)

Trabalho selecionado para a Mostra Ciência e Tecnologia da 6ª Bienal de Arte e Cultura da UNE - 2009.
Foto: Luciana Rodrigues.
.